domingo, 12 de setembro de 2010

CINETERAPIA: Jorge Furtado e Woody Allen - Epílogo




Trinta de agosto de 2010: o Cineterapia chegou a 7ª edição. A casa estava cheia. Mais de cem pessoas se espalharam pelas cadeiras, escadas e corredores do Cinebancários. Alguns toparam assistir de pé, ninguém queria perder o espetáculo.

E não foi para menos, já que tivemos o encontro de dois grandes cineastas. Na tela Woody Allen, com Annie Hall (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa); no palco, Jorge Furtado.



Furtado chamou a atenção do público para a filosofia que reside nos filmes de Allen: onde impera o humor aparece uma refinada forma de filosofar. Não é só o texto que aborda a vida humana, mas o próprio humor já mostra uma perspectiva de vida.

Essa atmosfera prende o espectador ao filme, que fica vidrado ao fluxo de piadas.



O convidado também nos falou da força que tem uma obra de arte como Annie Hall: é impossível sair da sessão sem ser modificado, e não há palavras para explicar o que mudou em nós. Nietzsche foi trazido para o debate, com sua ideia que falar da coisa já é diminuí-la.

Furtado comparou esta produção brilhante de 1977 com a produção atual do cinema americano. Para ele houve uma visível queda no potencial criativo. Lembrou da própria expectativa quando sabia que ia sair um novo filme de um grande diretor. (quais eram os diretores mesmo???)

Para ele esta atual escassez de criatividade foi gerada, em grande parte, pelo moralismo que tomou conta de Hollywood. A falta de liberdade aprisiona a reflexão. Por isso, para o cineasta, a melhor da produção americana atual são os filmes infantis.



Por fim nosso convidado discorreu sobre as mídias alternativas, que escapam deste moralismo. A internet, com seu arsenal: blogs, youtube, vlogs, permite uma liberdade de acesso a todo tipo de informação e material.

>>Conheça o Blog do Jorge Furtado
http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado

quinta-feira, 22 de julho de 2010

CINETERAPIA EXIBE MORTE EM VENEZA

Segunda-feira, 26/07/2010 às 20h
Cinebancários - Gen. Câmara, 424
Debate com Tatata Pimentel
Mediação Cínthya Verri e Roberto Azambuja
ENTRADA FRANCA


Tatata Pimentel participa do debate sobre velhice e homoafetividade

Um filme que é um encontro de gênios: o cineasta Luchino Visconti na direção, Gustav Mahler na música e texto de Thomas Mann.

Com entrada franca, Cineterapia exibe o clássico "Morte em Veneza" (1971), considerado uma das melhores adaptações feitas até hoje, nesta segunda (26/7), às 20h, no Cinebancários (Rua General Câmara, 424 - Centro), em Porto Alegre.

O convidado ao debate após a sessão é o jornalista e professor Tatata Pimentel, que conduz "Gente da Noite" e integra o time do "Café TVCOM", programas da RBS. Formado em Direito, Jornalismo e Letras, Tatata vai colocar sua erudição na roda e refletir sobre o ideal de beleza do segundo filme da trilogia alemã do italiano Visconti, iniciada com ‘Os Deuses Malditos’ e encerrada com ‘Ludwig, a Paixão de Um Rei’. Abordará temas centrais da obra como a velhice e a homoafetividade.

No livro de Thomas Mann, o protagonista Aschenbach é escritor. Para atender o propósito das tomadas lentas e a contundência das sinfonias, ele aparece no filme como um velho compositor em crise artística, que viaja para férias em Veneza. Lá, conhece o jovem Tadzio, e enfrenta uma incontrolável atração que mudará sua vida reclusa e austera.

Ponto alto da carreira do diretor, a história é vista como uma metáfora sobre a passagem do tempo e o medo da morte.

Em sua 7ª edição, o projeto disponibiliza clássicos que abordam a saúde afetiva e ainda possibilita análise comportamental por destacados pensadores, psiquiatras e escritores gaúchos.

A mediação da conversa fica por conta dos terapeutas Cínthya Verri e Roberto Azambuja.

Reservas de ingressos poderão ser feitas por email, escreva para:
atendimento@clinicaverri.com.br

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Epílogo: CINETERAPIA comemora 30 anos de O Iluminado

Cena de "O Iluminado", clássico de Stanley Kubrick exibido no último Cineterapia.


Roberto Azambuja, Enéas de Souza e Cínthya Verri
Professor Enéas de Souza: uma aula de cinema. Contextualizou o enredo historicamente, apresentou detalhes e esclareceu mistérios sobre o filme. É a inauguração de perspectivas - acompanhados por ele, ficou muito diferente e interessante.

A discussão sobre o filme trouxe à tona um ponto fixo defendido pelo diretor:
- trata-se de um drama e não de um filme de terror.

Na obra, podemos entender que uma família isolada tende a adoecer e a enlouquecer. Principalmente, que os donos do hotel Overlook, que contrataram Jack Torrance, sabiam que isso aconteceria - mas a destruição de uma família é um custo baixo para a manutenção dos luxos do cinco estrelas encravado nas montanhas.


A beleza do filme quase disfarça os terrores apresentados. A psicotização da família Torrance tinha sido prevista por Danny, o menino de sete anos. Também isso corrobora com a tese do gênero dramático - as crianças sabem antes dos adultos porque estão mais próximas daquilo que somos, estão mais em contato com a alma humana e menos adoecidas pelo desejo de poder.

O pai, o mais grave, distanciado por uma mania de grandeza, jamais considerou a hipótese de que a separação deles da civilização pudesse afetá-lo. Por isso, foi o primeiro e o mais agressivo, mas todos alucinaram marcando a psicose compartilhada.

O congelamento, expresso em toda a fotografia, como pano de fundo, marca o quanto é cíclico esse tipo de processo. A máscara final de Jack é terrível e assusta porque deverá voltar à tona assim que o inverno ceder.




O ILUMINADO (The shining, 1980, Warner Bros, 143min) Direção e produção: Stanley Kubrick. Roteiro: Stanley Kubrick, Diane Johnson, romance de Stephen King. Fotografia: John Alcott. Montagem: Ray Lovejoy. Música: Wendy Carlos, Rachel Elkind. Figurino: Milena Canonero. Direção de arte/cenários: Roy Walker/Les Tomkins. Casting: James Liggat. Produção executiva: Jan Harlan. Elenco: Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Philip Stone. Estreia: 23/5/80

terça-feira, 22 de junho de 2010

CINETERAPIA COMEMORA TRINTA ANOS DO ILUMINADO


Filme será exibido no Cinebancários nesta segunda (28/6), às 20h,com entrada franca, seguido de debate com o psicanalista e crítico de cinema Enéas de Souza

Quando se pensa em terror psicológico o primeiro filme lembrado é "O Iluminado", uma das melhores e mais populares realizações de Stanley Kubrick, junto de "Laranja Mecânica e "2001 - uma odisséia no espaço". A obra virou sinônimo de suspense, tornou-se um clássico parodiado e imitado no gênero, bandas de rock como 30 Seconds To Mars e Slipknot exploraram em clipes as cenas alucinadas do ator Jack Nicholson, que interpreta um escritor em crise de inspiração e que passa a perseguir sua família em hotel isolado.

Em sua 6ª edição e com entrada franca, Cineterapia comemora as três décadas do clássico de Kubrick numa única exibição nesta segunda (28/6), às 20h, no Cinebancários (Rua General Câmara, 424 - Centro), em Porto Alegre.

O psicanalista, jornalista e crítico de cinema Enéas de Souza é o convidado especial para comentar a adaptação do trepidante romance de Stephen King. Integrante da direção da revista Teorema e autor do livro "Trajetórias do Cinema Moderno", discutirá desde temas polêmicos como loucura e isolamento até pioneirismos técnicos, a exemplo da cena do menino andando de velocípede feita pela primeira vez com steadcam (um aparelho usado na cintura do cinegrafista).
“O Iluminado” traz a história de Jack Torrence, que consegue um emprego de vigia em um hotel no Colorado durante a temporada de inverno, e leva a sua família para acompanhá-lo enquanto escreve seu tão sonhado livro. Devido à baixa temporada e à solidão, é acometido da Síndrome da Cabana, que ocorre quando pessoas ficam enclausuradas muito tempo, e coloca em risco as vidas da própria esposa e do filho.

Cineterapia disponibiliza clássicos que abordam a saúde mental e ainda possibilita análise comportamental por destacados pensadores, psiquiatras e escritores gaúchos. A mediação da conversa fica por conta dos terapeutas Cínthya Verri e Roberto Azambuja.

Reservas de ingressos deverão ser feitas por email atendimento@clinicaverri.com.br

A sessão é gratuita, no Cinebancários:
segunda-feira, 28 de junho, às 20h.

O Cinebancários fica na Rua General Câmara, 424,
no centro, perto do Theatro São Pedro.

CINETERAPIA
Toda última segunda feira do mês

Um convidado extraordinário

Um filme inteligente

Com entrada franca

sábado, 5 de junho de 2010

Cineterapia com Diana Corso - Epílogo


A última segunda-feira de maio terminou às 23h no Cinebancários.
A 5a edição do Cineterapia encheu os olhos e os ouvidos.

O filme
“Onde Vivem os Monstros” é o segundo filme mais locado na cidade, segundo a Zero Hora. Não é à toa que ficamos tão atraídos.
Dirigido por Spike Jonze ("Quero ser John Malkovich"), o filme superou resistência de produtores e dos estúdios. O roteiro era considerado “inadaptável”. A Disney tentou transformar em desenho animado na década de 1980 e não levou adiante o projeto. A obra mexe com o imaginário dos adultos e das crianças, misturando traumas e rancores de cenas cotidianas com alegorias e sonhos. Não se sabe ao certo se aquilo que acontece com o protagonista Max, de 9 anos, é real ou não. Depois de ficar bravo com a mãe que leva um namorado para casa, ele veste a fantasia de lobo com a qual costuma perseguir o cachorro da família e foge de casa. No meio do mato, encontra um barco e sai para navegar, chegando a uma ilha estranha, cheia de monstros assustadores.

A Palestrante

A psicanalista Diana Corso foi a convidada especial para debater a adaptação do premiado best-seller infantil de Maurice Sendak.
Natural de Montevidéu, em 1960, formada em Psicologia pela UFGRS, Diana é colunista do jornal Zero Hora e membro da APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre). Em parceria com seu marido Mário, escreveu "Fadas no Divã" (Artmed), redimensionando as clássicas fábulas infantis aos tempos modernos e analisando a força cultural de personagens do momento como a Turma da Mônica e Harry Potter.

Com sua experiência nos problemas de desenvolvimento infantil, Diana falou da raiva e da frustração, da dificuldade do luto e da importância dos amigos imaginários na comunicação dos problemas de convivência com a família. Ainda, debatemos as diferenças entre crianças crescidas com pais separados e pais que permaneceram juntos; a importância do elo mãe-bebê e uma intereção saudável e o papel dos filmes de terror na puberdade.




A noite foi muito animada, lotamos a sala. Venha participar do próximo!

Reserve seu ingresso no atendimento@clinicaverri.com.br


CINETERAPIA
Toda última segunda feira do mês
Um convidado extraordinário
Um filme inteligente
Com Entrada Franca.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

31/05, segunda-feita, no Cinebancários
Rua General Câmara, 424, Centro
Perto do Theatro São Pedro
Evento Gratuito
CINETERAPIA APRESENTA
'ONDE VIVEM OS MONSTROS'

Filme de Spike Jonze será analisado pela psicanalista Diana Corso


"Onde vivem os monstros" volta a cartaz no projeto Cineterapia em uma única sessão. Com entrada franca, a exibição será nesta segunda (31/5), às 20h, no Cinebancários (Rua General Câmara, 424 - Centro), em Porto Alegre.

A psicanalista Diana Corso é a convidada especial para debater a adaptação do premiado best-seller infantil de Maurice Sendak. Com sua experiência nos problemas de desenvolvimento infantil, Diana abordará a raiva e a frustração, a dificuldade do luto e a importância dos amigos imaginários na comunicação dos problemas de convivência com a família.

Natural de Montevidéu, em 1960, formada em Psicologia pela UFGRS, Diana é colunista do jornal Zero Hora e membro da APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre). Em parceria com seu marido Mário, escreveu "Fadas no Divã" (Artmed), redimensionando as clássicas fábulas infantis aos tempos modernos e analisando a força cultural de personagens do momento como a Turma da Mônica e Harry Potter.

Dirigido por Spike Jonze ("Quero ser John Malkovich"), o filme superou resistência de produtores e dos estúdios. O roteiro era considerado “inadaptável”. A Disney tentou transformar em desenho animado na década de 1980 e não levou adiante o projeto. A obra mexe com o imaginário dos adultos e das crianças, misturando traumas e rancores de cenas cotidianas com alegorias e sonhos. Não se sabe ao certo se aquilo que acontece com o protagonista Max, de 9 anos, é real ou não. Depois de ficar bravo com a mãe que leva um namorado para casa, ele veste a fantasia de lobo com a qual costuma perseguir o cachorro da família e foge de casa. No meio do mato, encontra um barco e sai para navegar, chegando a uma ilha estranha, cheia de monstros assustadores.

Em sua 5ª edição, o projeto disponibiliza clássicos que tematizam a saúde mental e ainda possibilita análise comportamental por destacados pensadores, psiquiatras e escritores gaúchos.

A mediação da conversa fica por conta dos terapeutas Cínthya Verri e Roberto Azambuja.

Reservas de ingressos deverão ser feitas por email, escreva para: atendimento@clinicaverri.com.br

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Experiência de AT

Banho de sangue
de Eliana Guedes Mussnich (arte gráfica)
ou
FARDO DE UM CRUEL DESTINO
de Hendaira (poema)
Falsa noite de mulher
Onde o sonho se viu fantasia,
Um sonho estilhaçado dentro do espelho
Que fecha uma noite fria.

Ruídos compassados do vidro trincando-se
Ritmados com as batidas de seu coração
Quebra uma vida de sonhos
Ao ver-se em pedaços ao chão
Consternada por sua nudez e ainda fragilizada,
Sente vergonha por haver de ser assim,
Despojada em contradição

Ramos, rosas, fissuras
Cordas e ataduras.
Remendos não se fazem necessários
Nada há de cicatrizar esta ferida
Nada haverá de mudar este destino
Já vivido, já sofrido.

A distância não apagará sua memória
Nem amenizará sua dor

Tempo, tempo, tempo do tempo que é tempo

Somente tempo

Nada lhe resta no coração

Angústia e morte
Num ser resignado com sua sorte
Oco, vazio,

Respiração pesada e solitária
De uma vida previamente morta.

domingo, 2 de maio de 2010

Homem Elefante - Epílogo

Segunda-feira, dia 22 de abril, realizamos o Cineterapia com a exibição do Homem Elefante.

O impacto que a história provoca recebeu o bálsamo bem humorado da Cláudia Tajes. Graças a sua leveza que foi possível conversarmos com alegria sobre o difícil que é nosso preconceito.

Outra questão debatida foi relacionada às formas de cuidado: ela atravessa o filme e provoca uma série de interrogações: quem cuida de quem, que efeitos o cuidado produz, quais as relações entre cura e cuidado.

O termo é plural e leva a pensar algumas atitudes dos personagens do filme.

Mr. Bytes, por exemplo, que se entitulou proprietário ("eu cuido dele", "meu tesouro"), era também o homem que explorava, alimentava com batatas, espancava e trancafiava em uma jaula quando descontente. Oferecia sua possibilidade de cuidado.

Atos concretos do cuidar foram reivindicados pela enfermeira-chefe (Motherhead), que pontuou: "eu o banhei, limpei e alimentei, e minhas enfermeiras também".

O médico, por sua vez, enunciou, em resposta ao questionamento do doente: "posso cuidar de você, mas não posso curá-lo".

Ainda, a relação entre John Merrick e Marge Kendal, a atriz de teatro, bastante popular na época, faz pensar.

Ela descobre o paciente por meio de uma notícia de jornal, visita-o no hospital, leva-lhe presentes e se torna sua amiga. Também atua como figura importante na busca de recursos entre a nobreza londrina para a manutenção do doente no hospital. Quando eles recitam um trecho de Romeu e Julieta, ela diz: "Você não é o Homem Elefante... Você é Romeu!".

Possivelmente a ação pontual da atriz ajude Merrick a encontrar em si a própria vocação dramática para o espetáculo, passando a ser ator e não vítima das apresentações.

Mesmo tendo ajudado o paciente, o médico não escapa de enfrentar um dilema ético: "sou bom ou mau?". Estaria realmente cuidando de John Merrick, ou, à semelhança de quem o explorava no circo, estaria exibindo-o em uma outra espécie de circo, do qual faziam parte a alta burguesia londrina e os doutores da cúpula médica da cidade?


Homem Elefante, além dos debates, tem ação artística e curativa. David Lynch e Mel brooks fizeram maravilhosa arte. E Merrick fez consigo o trabalho que nos inspira a viver melhor.

É verdade que a minha forma é um tanto estranha/ Mas culpar-me seria culpar a Deus/Pudesse eu criar a mim mesmo novamente/Eu não falharia em agradar a você./Se eu pudesse alcançar de um pólo a outro/Ou estender a palma da minha mão sobre o oceano/Ainda assim eu seria medido pela alma;/o espírito é a medida do homem.
J. Merrick

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Felicidade Sintética



Fizemos uma aula sobre a Felicidade Sintética, conceito retirado da genial palestra de DanGilbert, postada acima.

Quando falamos de sintetizar felicidade não tratamos da tacada boa, da jogada de sorte, quando nos damos bem. Falamos do azar. Quando as coisas não vão bem, os dados caíram para o lado "errado" e mesmo assim, para surpresa geral, ficamos felizes.

São os exemplos da vida cotidiana, como o casamento que se desfez a custa de muitas lágrimas e depois é entendido como parte fundamental da felicidade presente. A tal ponto que não desejo que ele não tenha existido e nem desejo que não houvesse lágrimas. Compreendemos que a felicidade só é possível hoje porque vivemos aquilo.

Esta é a capacidade do nosso cérebro de processar felicidade diante de eventos desagradáveis. Desconfiamos dela quando vemos no outro: "Você não queria aquele dinheiro? Yeah, right" "É mais feliz agora que levou um pé na bunda? Yeah, right".

Não podemos acreditar, nosso cérebro simula a mesma experiência e verifica que não ganhar aquele dinheiro ou ganhar aquele pé na bunda não pode trazer felicidade. Estamos errados. Para quem viveu a experiência isto trouxe felicidade, ela a sintetizou a partir de sua vida.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O FEIO QUE PODE SER BONITO



26/04, 2a feira, 20h, no Cinebancários -
Rua General Câmara, 424 - Centro
(Pertinho do Theatro São Pedro)
EVENTO GRATUITO

Cineterapia exibe "Homem Elefante" com entrada franca e faz debate com Claudia Tajes sobre a tirania da estética.

O projeto Cineterapia apresenta o "Homem Elefante", de David Lynch. Com entrada franca, a exibição será nesta segunda (26/4), às 20h, no Cinebancários (Rua General Câmara, 424 - Centro), em Porto Alegre.

A escritora Claudia Tajes é a convidada especial para a discussão cinematográfica. A badalada autora do romance "A Vida Sexual da Mulher Feia" comentará sobre a exclusão do diferente e a maldade das aparências, com mediação dos terapeutas Cínthya Verri e Roberto Azambuja.
Em sua 4ª edição, o projeto disponibiliza clássicos que tematizam a saúde mental e ainda possibilita análise comportamental por destacados pensadores, psiquiatras e escritores gaúchos.

O Homem Elefante tornou-se um cult instantâneo na década de 80, com oito indicações ao Oscar. Foi o primeiro grande filme de Lynch, que seguiria com uma das carreiras autorais mais significativas e polêmicas dos Estados Unidos ("Veludo Azul" e "Estrada Perdida", por exemplo).
Estrelado por Anthony Hopkins, John Hurt, Anne Bancroft e John Gielgud, acompanha a trajetória perturbadora do inglês John Merrick (1862-1890), portador de uma doença que provocou deformidades em 90% do corpo.

Numa parceria do Sindibancários e do Espaço Cultural Clínica Verri, as sessões estão previstas sempre para última segunda de todo mês. O objetivo é colocar o cinema como extensão psicanalítica e aprofundar reflexões sobre temas controversos da atualidade como alienação parental, precocidade sexual e fobias.

Natural de Porto Alegre, publicitária, criadora de seis obras entre contos e romances e uma das integrantes do Sarau Elétrico, a ficcionista Claudia Tajes é assunto do momento pela adaptação do livro "Louca por Homem" pelo canal HBO do Brasil. Com o título "Mulher de Fases", a série terá 13 episódios de trinta minutos. As filmagens começaram em 16 de janeiro e seguem até o fim do mês.

Reservas de ingressos deverão ser feitas por email atendimento@clinicaverri.com.br

terça-feira, 13 de abril de 2010

Dia após dia


"Paradoxymoron", by Patrick Hughes


Confira a crônica da Maria Eloísa sobre tema
muito recorrente para quem
busca a saúde emocional:

Dia Após Dia

Desde pequena, ouvi seguidamente um provérbio que vem de geração em geração, um provérbio para acabar com a alegria e a esperança de qualquer pessoa:

“Dia de muito; véspera de pouco.”

Bastava alguém estar muito feliz, comemorando o fato de ter conseguido algo “difícil” de alcançar, que lá vinha alguém para lembrar: “Dia de muito; véspera de pouco.”

Bastava ver uma adolescente fazendo sucesso com o sexo oposto, esnobando seu magnetismo, que surgia alguma despeitada, ciumenta, para sussurrar para as demais: “Não há de ser nada, dia de muito; véspera de pouco.”

Ou ainda:

“Puxa, mas fulano tem sorte mesmo, consegue tudo que quer, tudo dá certo pra ele!

“É, mas por enquanto. Nunca ouviste o ditado: Dia de muito; véspera de pouco?”

Pois bem, esse ditado apequenador, rasteiro, transmitido, a meu ver, intencionalmente, para que ninguém levante vôo, desagradou-me tanto, e durante tanto tempo, que eu, para me desforrar do pessimismo incutido, inventei este:

“Dia de pouco; véspera de muito.”

Podem acreditar, ele tem me impulsionado permanentemente:

No “dia de muito”, não mais fico temerosa de que tudo acabe, nem me deixo abater no “dia de pouco”, porque vejo que sempre houve e sempre haverá uma seqüência alternada deles.

Basta saber viver o “muito” sem euforia excessiva - a ponto de perder tudo – e agüentar o “pouco” com calma e certa criatividade, pois exatamente o “pouco” pode render os mais suculentos frutos.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Terapia da Vida Presente

Arte de Philip Guston

A Casa do Beto abre inscrições para um novo grupo terapêutico: Terapia da Vida Presente.

São dez vagas para abordar problemas particulares, conflitos familiares e dificuldades no ambiente de trabalho. A partir de conversas e exercícios, o objetivo é procurar que cada um compreenda, aceite e potencialize criativamente o próprio temperamento.

Graduado em Filosofia pela UFRGS, com formação em Psicoterapia, Roberto Azambuja atua como professor do curso de Acompanhante Terapêutico da Clínica Verri. Nos encontros, fará o papel de analista da turma, quem conduz os debates propondo uma interação entre diferentes áreas de conhecimento como literatura, cinema, filosofia e psicologia.

A terapia acontece sempre às quartas, das 19h30 às 21h, na Rua Garilbaldi, 1225/202.

Os interessados devem agendar entrevista para seleção.

Investimento: R$120,00 mensais.

Contato: roberto_azambuja@hotmail.com ou 91913679

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Capim Anoni nosso de cada dia.


Capim Anoni – Eragrostis spp

O capim-anoni veio importado por um agrônomo na década de 50. Chegou aos pastos do Rio Grande do Sul travestido de solução para herbívoros. A planta crescia incrivelmente viçosa e se espalhava magicamente.

Mas o Anoni revelou-se uma praga, um caso de contaminação biológica. A espécie disseminou-se e tomou o espaço das leguminosas e outros vegetais nativos. O gado não consegue pastá-lo, os cavalos ficam enfraquecidos. Não conseguimos arrancar o Anoni com a mão. É aquele capim alto e verde que parece de seda. Não cede.

Vejo que estamos sempre atrás do Anoni. Sempre querendo uma solução fantástica, capaz de nos poupar do esforço característico. Queremos uma bondade parada, um atalho, uma curva rápida para cruzar montanhas. Queremos emagrecer sem passar fome, clarear olheiras em cinco minutos, cumprir faculdades e construir carreiras em dois anos. Queremos peelings que não agridam a pele, massageadores que reduzam a gordura, transformar alimentos congelados em uma explosão de sabores usando um novo forno.

Queremos encarnar a cigarra, nunca a formiga. Almejamos parecer os mais espertos. Sonhamos em superar o trabalho árduo a que os outros se submetem.

Não é apenas a arrogância que nos move em direção aos anonis. É também uma ambição invejosa.

O capim-anoni, em seu ambiente natural, não é um problema. Lá ele divide espaço com combatentes originais. Não sabe se alastrar na terra natal. Guarda as proporções de equilíbrio. Somente translocado é que ele se comporta mal.

O mesmo acontece quando vemos a vida de alguém. Selecionamos os aspectos que queríamos ter: muito dinheiro, uma mulher com seios fartos, o jeito de falar especial ou até o cabelo liso. Pinçamos o objeto, como se fosse possível reproduzir as condições originais.

Assim nascem as anorexias nervosas, as bulimias, os transtornos de ansiedade generalizada. Uma ânsia que não sabemos de quê. É a não aceitação de nossa flora nativa, a contaminação biológica do desejo.

Trazemos vontades anoni também – sonhos da mãe, do pai, do marido, da namorada. Vontades que não são as nossas: uma profissão específica, ter muitos filhos, usar roupas claras, sapatos com salto alto. Muitas vezes não é o que faríamos da nossa existência se decidíssemos por nossa conta.

Enxertar uma característica, assumir uma expectativa alheia é o mesmo que plantar o anoni: devastará o pasto, atropelará espaços e acabaremos desnutridos.

O anoni é nossa tentativa perene de aposentadoria.

Confira a Crônica Falada no Camarote TVCOM:

terça-feira, 30 de março de 2010

Cineterapia com Trainspotting - Epílogo



Nosso encontro aconteceu graças ao Sindbancários e seu cinema, o Cinebancários, que nos tratam com tanto carinho. Agradecemos à Bia Barcelos, ao Mauro e à equipe do cinema.

Ainda, agradecemos ao Fabrício Carpinejar, que dedicou tempo nos ajudando como assessor de imprensa – e que trabalho bem executado: tivemos mais de 50 pessoas na audiência.

O Cineterapia está programado para a última segunda-feira de cada mês, sempre com exibições gratuitas e abertas aos interessados.

Isso tudo iniciou na sala de aula, no Curso de Instrução do Acompanhante terapêutico. Sim, Curso de Instrução do AT. Porque precisamos primeiro aprender a nos acompanhar, cada um a si, para depois ajudar o outro. Nova turma inicia nesta quinta-feira, 1o de abril.

O AT é um terapeuta que caminha, um pouco mais que um amigo qualificado, um pouco mais que uma babá. O AT empresta seu corpo para quem está perdido. É o leão de chácara das crises. A ponte entre o consultório e a cidade. Igual que o paciente, o terapeuta, na rua, aprende muito sobre ele mesmo. Fora da proteção do consultório, fora do papel fixo da poltrona, o acompanhante vira movimento. Eis a saúde - porque a doença é quando tudo está parado.

O Cinema na sala de aula é um instrumento poderoso, porque poucos escapam de se emocionar com bons filmes. Poucos escapam de aprender quando se emocionam.

Trouxemos a sala de aula para o cinema. Porque, como acontece com o AT, quando saímos de casa e vamos ao cinema, somos outros. E com novas versões de nós mesmos, vivemos com mais intensidade.

Abrimos à comunidade. Porque, como acontece na rua, no meio de muita gente, ficamos mais frágeis e preferimos andar aos pares.

São truques para viver melhor.

O filme, Trainspotting, romance de Irvine Welsh transformado em cult pelas mãos do cineasta Danny Boyle, é um drama britânico lançado em 1996, consagrou o autor escocês como uma das vozes mais representativas de sua geração.


O debate contou com o professor Guilherme Vollmer, psiquiatra (HCPA/UFRGS), psicanalista (SPPA) e especialista em DQ (UNIFESP), além de cinéfilo.

Com mais de 15 anos de prática na área, Dr. Guilherme ofereceu uma aula a respeito dos opiáceos, sua origem geográfica, histórica e seus derivados atuais. Versou a respeito do Crack e das dificuldades enfrentadas na clínica em relação a dependência violenta e suas consequência.

Ainda, aprendemos sobre a importância do apoio familiar e de outras pessoas próximas na recuperação dos dependentes, a importância da paciência e da capacidade de tolerar a frustração quando lidamos com índices de recaída em torno de 15 a 20%. Desvendou a questão narcisista do usuário, frágil em busca de prazer imediato.

O professor Vollmer enfatizou a dificuldade que as crianças enfrentam, já que iniciam o uso de drogas muito precocemente, em torno dos doze ou treze anos, e a gravidade que isso acarreta ao prognóstico. Ainda, acrescentou dados sobre o Santo Daime e sua controversa legalização. Muito claro e conciso, o professor Guilherme esclareceu as várias dúvidas do público que se manifestou grandemente.

Deixou seu email (guivollmer@hotmail.com), para contato e esclarecimentos posteriores.

Fomos felizes da companhia agradável e muito informativa.

Cineterapia com Trainspotting - outra versão



O Dr. Odon Cavalcanti, soube da proposta do filme e enviou suas anotações a respeito. Confira a opinião do experiente psiquiatra.

Trainspotting

Outros títulos: Os insaciáveis; Os Incapazes Incuráveis; Os destruidores dos outros e de si; Quando o outro é invisível; Bebês e Adolescentes Esquecidos

Ao escrever estas anotações, lembrei do teu artigo da segunda semana do bebê sobre o erotismo da amamentação. São pessoas que, provavelmente, quando bebês, não foram erotizadas. Foi quando começou o trainspotting, com a soma dos gens e das circunstâncias da vida das pessoas a partir da fecundação e do nascimento, focando especialmente as emoções do primeiro ano de vida.

O filme é desconfortável, às vezes pelo realismo pesado e pelo nojo de algumas cenas, que apesar de fortes, estão longe de realidades associadas às drogas, aos transtornos de personalidade e ao sadismo às vezes intenso das pessoas – no lançamento, muitas pessoas se retiraram do cinema.

O autor do texto, do roteiro e o diretor foram hábeis, os dois primeiros em pinçar o que é importante para gerar os insaciáveis, e o segundo por manter um clima ágil que possibilita acompanhar o filme até o final.

Os que assistem gostam do filme, desconfio que não sabem bem porque, pois ele nos leva mais a intuir ¹ a compreensão da tragédia dos amantes da heroína. O transcorrer do filme assinala o nascedouro do drama com a presença freqüente e o andar solitário de um bebê.

O autor do livro Irving Welsh e o roteirista dão ênfase às influências do consumismo e da economia de mercado ao mostrar os jovens como vítimas da atual ordem social. Mostram também a força dos dramas interiores das almas, carentes de cuidados, que em conseqüência se desorganizam. Welsh, num dos extras do filme assinala “que para o novo milênio o grande desafio é de dividir o bolo mais justamente”. Entende-se esta justiça para os cuidados afetivos, para a escolaridade e condições sócio-econômicas que revelem um aceitar do outro.

O filme conta aspectos da vida de quatro adultos jovens ligados à heroína: Mark Renton, Sick Boy, Slud e Tommy. Incorpora-se ao grupo Beagbe, violento, compatível com lesão irritativa cerebral do lobo temporal.

No início correm pela cidade em busca de aventuras e prazer. É um desespero em busca de um prazer maior. Na cena seguinte Sick Boy injeta heroína no braço de uma mulher e lhe diz que vai ser melhor que o orgasmo, logo ela lhe responde, iluminada: “é melhor que qualquer pinto”. Não de 1, de 100, é melhor do que todos os pintos. Slud não resiste, beija a boca de Sick Boy, sofregamente. Não é sexo nem tensão homossexual. É um vampirizar do prazer que dos dois emergia no injetar e receber o prazer da droga.

Numa outra cena Mark Renton compra droga da “Madre Superiora” e que naquela ocasião só tinha supositórios de heroína. Numa crise de incontinência retal encontra “a pior latrina da Escócia”, entra dentro de um vaso sanitário e mergulha com prazer num imenso lago azul-marrom. Foi um mergulho em épocas de sua pré-história feliz. Sem dúvida horrorizou aqueles com mais âncoras nesse período.

Abandonavam a droga e retornavam à droga. Renton comenta: “esta é a última ingestão das últimas”. São ciclos de delírio e incapacidade de compreender o que se passa.

Quando procuram empregos são até transparentes: “gosto de todas as pessoas e até de quem ninguém gosta”; “gosto de dar prazer aos outros, sou ótimo no lazer”. Infelizmente não sabem o que é prazer ou lazer, foram construídos sem essas capacitações. Sabem ser francos como Renton: “uso droga, fumo, engulo, enfio no rabo, injeto nas veias, vivo do seguro social e de pequenos roubos”.

Nas relações com as mulheres, nos intervalos do uso das drogas, só sabem receber. O sexo é vazio, sem afetos, não sabem compartilhar. Entendem quase nada do que seja parceria.

Quando morreu o bebê, perguntam quem foi o pai. Na verdade todos eram muito aquele bebê: o bebê carente e abandonado. Todos se sentiam-se assim, era o sentimento que os igualava e que fragilmente os unia. Seus afetos eram pobres, mais uma solidariedade animal. Quem os acolhia e ajudava era o "Madre Superiora", que fornecia a droga.

Quando Mark se apossou do dinheiro, foi e não foi roubo. Até foi justo (um pouco) em deixar uma parte para Slud, o único que referiu presentear a mãe. Talvez nem soubesse como fazê-lo.

Mark R., no final, ameaça com projetos: verdadeiros? , caretas? , falsos? . Ninguém sabe, foi o que mais avançou no entendimento de si e dos companheiros. Tinha pais, mesmo adulto, muito presentes e acolhedores. As reflexões dele durante o filme ameaçam ser salvadoras.

O que fazer com a legião de drogaditos e personalidades desorganizadas? Serão necessários não poucos cuidadores e que tenham capacidade para abraçá-los que é o que eles menos sabem na vida. Os que alcançam mais sucesso com os mais graves são os grupos religiosos, as organizações de alcoolismo e drogadição anônimos e as fazendas terapêuticas.

Surpreendentemente, as universidades e o estado são quase um zero à esquerda. Este último então tem em seu cardápio prisões cem vezes piores que o pior do que o filme mostrava.

Os cuidadores têm que ser disponíveis, afetivos e efetivamente atentos as suas próprias carências e, portanto compreensivos com as necessidades dos seus pacientes.

E a prevenção?

(Cuidados + Afetos + Estimulação) dos bebês

É complemento imprescindível o Teaser que aparece no trailer. É a mensagem síntese de Trainspotting.

Mark Renton está amarrado nos trilhos pelos três companheiros que correm se afastando. Ele, indiferente mesmo, pensa, poderia ter sido ele que os tivesse amarrado nos trilhos. Está sorridente (autenticamente) e pensa que o trem poderia se atrasar! Com o mesmo sorriso que viveu vai morrer. Esta é a verdade? É uma visão dos mistérios da vida e da morte.

____________________________________
¹ são os que reconhecem no fundo das suas almas sementes de temática similares.

domingo, 28 de março de 2010

Cineterapia - dia 29/03, 20h


Zero Hora, Caderno Vida,
27 de março de 2010 | N° 16287
POR AÍ

Cineterapia


Trainspotting, de Danny Boyle, será exibido na segunda-feira no Cineterapia, às 20h, no Cinebancários (Rua General Câmara, 424, Capital). Após o filme, o psiquiatra Carlos Alberto Iglesias Salgado, coordenador do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, falará sobre o uso de drogas. O objetivo dos encontros, previstos para a última segunda-feira do mês, é discutir temas como alienação parental, precocidade sexual e fobias. A entrada é franca. Reservas: atendimento@clinicaverri.com.br

Expectativa

Uma amiga escreve sobre o encontro com o AT:

EXPECTATIVA…



Num dia um tanto turbulento
Estava eu apreensiva
Conheci alguém que me deu alento
Me ouvindo, sempre compreensiva


Pediu-me ela
Que sobre nosso encontro escrevesse
Descrevendo o sentimento que me flagela
Para que me entendesse


Mais um pedido me foi feito
Com o qual estou tentando me adaptar
Mudar em meus escritos o sujeito
Para que juntas possamos trabalhar


Habituada a só ouvir minha voz
Pareceu-me um tanto estranho
Substituir o eu por nós
É um esforço tamanho


Estou muito ansiosa
Esperando nossa próxima sessão
Para ler seus escritos estou curiosa
E conhecer um outro universo irei então.

Hendaira

quarta-feira, 10 de março de 2010

Andamios: grupo de ATs argentino

ANDAMIOS - Acompañamiento Terapéutico é um grupo de Acompanhantes Terapêuticos da Argentina. Eles estão no Facebook e se apresentam assim:

Cold in hand blues

y qué es lo que vas a decir
voy a decir solamente algo
y qué es lo que vas a hacer
voy a ocultarme en el lenguaje
y por qué
tengo miedo

(Alejandra Pizarnik. El infierno Musical, 1971)



que, numa tradução breve, seria:


Cold in hand blues


e o que vais dizer
vou dizer somente algo
e o que vais fazer
vou me esconder na linguagem
e por quê
tenho medo


Alejandra Pizarnik, poeta argentina, nasceu em Buenos Aires, em 1936. Graduada pela UBA (Universidad de Buenos Aires) em Letras e Filofia, viveu anos em Paris, onde estudou Literatura na Sorbonne e trabalhou em jornais e revistas, colaborando com traduções de Antonin Artaud e Cesairé, entre outros. 
Alejandra escreveu: 
«La tierra más ajena» em 1955, «La última inocencia» em 1956, «Las aventuras perdidas» em 1958, «Árbol de diana» em 1962, «Los trabajos y las noches» em 1965, «Extracción de la piedra de locura» em 1968, «El infierno musical» em 1971 e «Textos de sombra y últimos poemas», publicação póstuma de 1982. 
Morreu em 1972, como consequência de grave depressão.

Contato: at.andamios@gmail.com
ANDAMIOS - Acompañamiento Terapéutico (Equipo de Acompañantes Terapéuticos)

Fontes: www.facebook.com ; www.amediavoz.com .

terça-feira, 2 de março de 2010

Trainspotting é o próximo filme do CINETERAPIA



29/03, 20h, no Cinebancários -
Rua General Câmara, 424 - Centro
(Pertinho do Theatro São Pedro)
EVENTO GRATUITO


O Sindibancários e o Espaço Cultural Clínica Verri selaram um pacto e quem ganha é você.

Agora, uma vez por mês, você pode ir ao cinema de graça e curtir ótimos diálogos com psiquiatras, terapeutas e outras personalidades.

A estréia do ciclo fica por conta de Trainspotting e do Dr. Carlos Alberto Iglesias Salgado.

Para a exibição do filme, a Channel 4 da Inglaterra cedeu os direitos especialmente para o evento.

[Sobre o Convidado]
Carlos Alberto Iglesias Salgado é o novo presidente da Abead (gestão 2010/2011), eleito durante o XX Congresso Brasileiro da entidade, em Bento Gonçalves. É psiquiatra com mestrado em Psiquiatria pela UFRGS. Especialista em Dependência Química pela Unifesp. Coordenador do Ambulatório de Dependência Química do Hospital Presidente Vargas e preceptor de Residência Médica em Psiquiatria no mesmo local. É o atual coordenador do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.

[Sobre o Filme]
Trainspotting, livro transformado em cult pelas mãos do cineasta Danny Boyle, drama britânico lançado em 1996, consagrou Irvine Welsh como uma das vozes mais representativas de sua geração.

[Sinopse]
Trainspotting, na gíria escocesa, é uma atividade sem sentido, algo que é uma total perda de tempo. Essa expressão resume as vidas de Rents, Sick Boy, Tommy, Matty, Spud e Begbie, jovens moradores de Edimburgo que passam a maior parte de seu tempo se embebedando em pubs, arrumando confusão, assistindo a jogos de futebol pela televisão e, principalmente, se drogando. A heroína é a droga preferida, um barato que dura tempo suficiente para aplacar a banalidade da existência. Pelo menos até o próximo pico.

Explicitando toda a dor e a banalidade de ser jovem em um mundo de portas fechadas, onde a maior oportunidade que se pode esperar é conseguir um emprego reles em uma grande empresa, ter filhos e desfrutar de uma velhice obesa, Irvine Welsh narra, com ironia e sem meias palavras, o cotidiano de jovens que renunciaram a tudo isso, que preferem se perder em um mundo de contravenções, vagar pelas ruas sem rumo, a ceder a uma vida adulta que não faz o mínimo sentido.


[Principais Prêmios e Indicações]

Oscar 1997 (EUA)

* Indicado na categoria de melhor roteiro adaptado.

Eleito pela Times um dos melhores 1000 filmes já feitos, em 2004.

BAFTA 1996 (Reino Unido)

* Venceu na categoria de melhor roteiro adaptado.
* Indicado nas categorias de melhor filme britânico (Prêmio Alexander Korda).

Prêmio Bodil 1997 (Dinamarca)

* Venceu na categoria de melhor filme não-americano.

Brit Awards 1997 (Reino Unido)

* Venceu na categoria de melhor trilha sonora.

Independent Spirit Awards 1997 (EUA)

* Indicado na categoria de melhor filme estrangeiro.


Reservas de ingressos deverão ser feitas por email
(atendimento@clinicaverri.com.br)
e serão válidas até 20 minutos antes da sessão.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Curso de Instrução do AT - Módulo II


renda-se, arte de Eliana Guedes Mussnich


Recomeçaremos em março nossa caminhada rumo ao AT.

Construímos um cronograma inicial, ele poderá ser alterado ao longo dos encontros.
Gostaríamos de saber quem está interessado em continuar participando do Módulo II.

Para fazer este módulo não é necessário ter feito o primeiro. A ordem dos fatores não altera a compreensão.

Informamos que abriremos novas turmas para Módulo I em maio.

Cronograma Segundo Módulo – Março e Abril 2010
Início das Aulas: 18/03
Sempre às quintas, 20h.

Sete Aulas
1. Qual é o trabalho do Acompanhante Terapêutico?
2. Aula do Capim Anoni ou O delírio de grandeza
3. Psicofarmacologia Básica – Noções sobre medicação usada em psiquiatria
4. A Liberdade de Escolha e a Felicidade Sintética
5. Psicopatologia Básica I
6. Psicopatologia Básica II
7. Discussão de Caso

Ao final de cada aula, abriremos para discussão de casos. Estamos negociando convênio para atendimento e fazendo divulgação do trabalho.

Os valores seguem os mesmos do ano passado, 2x de R$200,00.

Inscreva-se:
contato@clinicaverri.com.br

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Você tem medo de quê? Brasil na Madrugada - 03/02/2010


Estivemos no programa da
Sara Bodowsky (@SaraBodowsky)
dia 03 de fevereiro, na Rádio Gaúcha.
Falando em Fobias,
como não falar de At?

O filósofo Roberto Azambuja e a médica e psicoterapeuta Cínthya Verri debatem os medos e as fobias. Eles explicam como superá-las quando se tornam doença e esclarecem as dúvidas mais comuns, além de deixar dicas de como lidar com a ansiedade.

Confira o programa da dulcíssima @SaraBodowsky



Aqui, a dica de leitura dada no programa:


De Allen Shawn, Bem Que Eu Queria Ir, Notas de uma vida fóbica.

Alguns trechos:

Em geral, o agorafóbico sofre de uma culpa terrível por todas as ocasiões e oportunidades perdidas ou estragadas por suas reações e pelas ausências ou partidas inexplicadas que feriram suas relações.

No que se refere à confrontação dos riscos normais da vida, há decerto muita verdade no velho conselho de voltarmos imediatamente a montar o cavalo que nos derrubou. Uma experiência que rapidamente contradiz um trauma pode ajudar o cérebro a se curar com ainda mais velocidade.

[Segundo Freud] as carícias que recebemos quando bebês e continuamos a buscar em formas mais maduras quando crescemos podem nos ajudar a sobreviver. (Mais recentemente, o psicanalista francês Didier Anzieu escreveu sobre o "eu-pele" (le moi-peau) e a importância de sermos acariciados, dizendo que o afeto físico é um reforço essencial do "eu".)

Quando hábitos de evitação e ansiedade persistem por muito tempo, eles se tornam parte de você, como a dor crônica. O cérebro se acostuma às conexões, e elas se consolidam. O impressionante, no entanto, é que mesmo o cérebro adulto pode construir conexões completamente novas. As antigas podem se desfazer - se a pessoa estiver pronta a desfazê-las - e por fim, com muito trabalho, podem ser substituídas.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Projeto Terapêutico de Final de Módulo


Artwork: Van Gogh

Trabalho de conclusão do Curso de Instrução ao AT: um paciente imaginário
Baseado no conto A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa, in Primeiras Estórias, Ed. Nova Fronteira, RJ, 1988, p. 32.

Nome do paciente: Eu
Família de origem do paciente: Pai, mãe, um irmão e uma irmã.

Nome do Acompanhante Terapêutico: Eliana Guedes Mussnich

História: Segundo Eu, ele adoeceu, sofreu "o grave frio dos medos" numa situação em que, já adulto, e por iniciativa própria, tomaria o lugar do pai na canoa onde este vivia e, no momento da decisão, "por pavor, arrepiados os cabelos", correu, fugiu, se tirou de lá, "num procedimento desatinado".

Entrevista inicial de Acompanhamento Terapêutico com o paciente Eu:

Eliana(eu), aqui identificada como AT, viajei para chegar até onde Eu vive: em frente ao rio. Ao me ver, nos cumprimentamos. Me apresento a ele como a estrangeira que vem lhe ajudar, que vem convidá-lo a sair do território de sofrimento onde se encontra.

Com que então, vai a conversa entre Eu e Eliana (AT):

AT: Então você vive aqui na beira do rio?
Eu: Faz tempo.
AT: E de que você gosta?
Eu: De pensar.
AT: Legal. Também gosto de pensar.
Eu: Mas tem uma coisa que eu gosto muito de pensar.
AT: Ah, é? Quer me contar?
Eu: Gosto de pensar que, um dia, virá alguém que vai pegar em mim e me depositar também numa canoinha de nada. Nessa água que não pára. E aí eu vou rio abaixo, rio afora, rio adentro.
AT: Numa canoinha de nada...
Eu: Dessas pra um só homem deitado.
AT: E o que você faz?
Eu: Fico aqui.
AT: Tem companhia?
Eu: Não. Mais ou menos. Você.
AT: É. Lembra que nós conversamos por telefone e você quis que eu viesse?
Eu.: Claro.
AT: E em que eu posso te ajudar, Eu?
Eu: Meu pai era homem cumpridor.
AT: Onde ele está agora?
Eu: Não sei.
AT: Ele era cumpridor.
Eu: Eu não sou. De que era que eu tinha tanta culpa, meu Deus?
AT: Vamos ver. O que você está fazendo aqui?
Eu: Nada.
AT: Não. Presta atenção: o que você está fazendo aqui?
Eu: Eu estou me lembrando do que aconteceu.
AT: O que aconteceu?
Eu: Um dia, quando eu era criança, meu pai mandou fazer pra ele uma canoa e foi viver dentro dela, no meio do rio. Aquela canoa era pra ele viver nela uns vinte ou trinta anos. Foi e não disse nada. Um dia, a canoa ficou pronta.
AT: Vamos caminhar um pouco?
Eu se levanta.
Eu: Ele foi, ainda me espiou como que dizendo de ir também. Mas eu tive medo da mãe, que jurou que ele não entrava mais em casa.
AT: Hoje o rio está mais baixo?
Eu: É.
AT:Onde vocês moravam?
Eu: Naquela casinha lá.
AT: Vamos até lá?
Eu: Vamos. Então, a gente ficou aqui, eu, a mãe, meus irmãos. Veio jornalista pra entrevistar o pai no meio do rio, mas ele se escondeu. Eu levava comida pra ele.
AT: Quantas pessoas cabem numa canoa?
Eu: Uma.
AT: Então, se só cabe uma, você hoje sabe que não teria espaço pro seu pai e você juntos na canoa que ele foi.
Eu: Eu sei. Por isso que eu achei, depois, que já estava na hora dele descansar e eu tomar o lugar dele na canoa.
AT: Na canoa dele.
Eu: Na canoa dele.
AT: Na canoa que o teu pai mandou fazer pra ele.
Eu: É, ele mandou fazer.
AT: Pra ele.
Eu: Sim, mas eu podia ter substituído ele.
AT: E nessa altura, quem morava com você?
Eu: Ninguém. A mãe e os meus irmãos foram viver na cidade.
AT: Eles resolveram tocar a vida pra frente.
Eu: Eu sou culpado do que nem sei. Mas me dói. E eu pergunto: a senhora acha que eu sou doido?
AT: Olha, eu não acho. Você lembra do meu nome?
Eu: Ah, desculpe.
AT: Sem problemas, o meu nome é Eliana.
Eu: Eliana.
AT: Eu trouxe pra você.
Eu: Um rádio de pilha?
AT: Você gosta de música.
Eu: Mas eu não escuto.
AT: Agora pode escutar, de rádio novo. É seu.
Eu: Eu não me lembro de músicas...
AT (ligando o rádio): Ouve.
Eu: Eu acho que todo mundo é doido ou ninguém é.
AT: Eu também.
Eu: Ha! A senhora não acha isso...
AT: Ué? Por quê?
Eu: Veio até aqui esse fim de mundo pra falar comigo.
AT: Sim, eu viajei até aqui pra trabalhar com você. Você quis que eu viesse.
Eu: Eu quis porque estou muito sozinho e o doutor disse que seria bom para mim ser acompanhado de uma pessoa que me ajudasse.
AT: Então você entendeu, não entendeu?
Eu: Agora ficou difícil. Essa música eu gosto. Eu não sei construir uma canoa.
AT: Nem eu. Mas tem gente que sabe.
Eu: O homem que fez a canoa do meu pai sabia o porquê dele querer ir embora, mas ele morreu antes de eu poder perguntar.
AT: Existem outros homens que fazem canoas.
Eu: Aqui não tem mais jeito. Eu só penso nisso. Que ele foi, não me levou com ele, e depois quando ele quis deixar eu trocar de lugar com ele eu não tive coragem.
AT: Sim. Agora, você pode fazer uma outra história. Uma nova história.
Eu: Como assim?
AT: Uma canoa pra você.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Projeto Terapêutico de Final de Módulo


Este é o Projeto de Final de Módulo da Andiara.
Um capricho essa moça.


Projeto Terapêutico


Personagem

Patinhas McPato ou Patinhas McPatinhas, conhecido como Tio Patinhas (Uncle Scrooge), foi criado por Carl Barks, em 1947, para a história "Natal nas Montanhas”.


Motivo

Pelo bom faro para os negócios, pela persistência e por ser muito avarento.


História do personagem

Tio Patinhas é o pato mais rico do mundo, tendo em sua caixa-forte "3 acres cúbicos" de dinheiro. Sendo o maior pão-duro da face da Terra, tem guardada até hoje a primeira moeda que ganhou na vida, como engraxate, ainda menino. A Moedinha n.1 é sua moeda da sorte, e muitas vezes ele atribui a ela a origem de toda sua fortuna. É claro que isso é uma superstição, pois o que conta mesmo é o trabalho duro como garimpeiro durante a Corrida do Ouro, no Klondike, o bom "faro" para negócios e encontrar tesouros, e o aspecto "econômico" de sua personalidade. Ele mora em Patópolis, e sua caixa-forte fica no topo do morro mais alto da cidade, a Colina Mata-Motor, cercada de armadilhas de todo tipo.

Como homem de negócios e caçador do tesouros, Patinhas é notável por sua necessidade de criar novos objetivos e enfrentar novos desafios. Conforme o personagem criado por Barks, para Patinhas “sempre há um novo arco-íris.” A frase foi usada como título de um dos quadros mais conhecidos de Barks retratando Patinhas. Os períodos de inatividade entre aventuras e a falta de desafios sérios tendem a deprimir Patinhas de vez em quando; algumas histórias descrevem esta fase como tendo efeitos negativos em sua saúde.

Nas histórias do roteirista Guido Martina e ocasionalmente nas de outros, Patinhas tem um cinismo notável, especialmente quanto a idéias de moralidade nos negócios e à busca de seus objetivos.

Entretanto, Patinhas parece ter um sentido pessoal de honestidade que lhe assegura um certo autocontrole. Como conseqüência, pode freqüentemente ser visto mudando seu curso de ação quando dividido entre uma perseguição sem escrúpulos de seu objetivo real e usar as táticas que considera mais honestas. Por vezes, pode sacrificar seu objetivo para permanecer dentro dos limites de seu sentido de honestidade. Assim, baseado nas decisões que faz, Patinhas pode ser o herói ou o bandido de suas histórias.

Patinhas tem um temperamento explosivo e raramente hesita em usar de violência contra quem provoca sua ira; entretanto, parece se opor ao uso de força letal. Às vezes até poupou as vidas dos inimigos que tinham ameaçado sua própria vida. De acordo com a própria explicação de Patinhas, fez aquilo (não matar) para não carregar sentimento de culpa sobre suas mortes, mas geralmente não espera nenhuma gratidão deles. Patinhas também expressou opinião de que só nos contos de fadas os maus se tornam bons, e que é velho demais para acreditar em contos de fadas.

Oq. vamos trocar/pq. é importante para nós

- Experiência de vida;
- Experiências profissionais/negócios;
- Dinamismo em novos desafios;
- Como lidar com o dinheiro de forma mais leve e feliz, aproveitando melhor a vida com as vantagens que o dinheiro proporciona;
- Percepção de honestidade;
- Como não carregar sentimento de culpa;
- Como ter bom humor através de causas sociais, e quem sabe ver nisso um novo negócio;
- Os benefícios que os amigos e tb as relações familiares nos proporcionam;


Como vamos trabalhar

Faremos encontros semanais (à combinar) onde “passearemos” por lugares que retratam todas as classes socias. Vivenciaremos situações em que teremos boas condições financeiras e outras nem tanto.

Iremos a parques, de peferência nas praças infantis para ver e sentir a alegria genuína. Brincaremos de balanço, de gangorra, de jogar bola. Comeremos e distribuiremos picocas para todas as crianças.

Visitaremos orfanatos para ver a dificuldade de crianças sem familiares. Iremos a asilos e veremos idosos abandonados e sem condições financeiras. Conheceremos várias ONGs e/ou projetos sociais (cujos temas sejam de interesse do Patinhas) para despertar uma visão mais humana e menos avarenta de vida.

Vamos ao teatro conhecer os modernos contos de fadas e descobrir que até os brutos amam. E também, trataremos da saúde do Patinhas e daremos a ela a importância que merece.

Equipe Trilhas Acompanhantes Terapêuticas de Udia

Olha o trabalho do pessoal de Uberlândia que a Eli achou:

Equipe Trilhas Acompanhantes Terapêuticas de Udia

Fundada em 1995, é pioneira no trabalho de acompanhamento terapêutico na cidade de Uberlândia. Oferece cursos, desenvolve oficinas, palestras e supervisões. É constituída por profissionais da área da saúde e educação.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Projeto Terapêutico de Final de Módulo



Cain and Abel, per Simon Vouet e Pietro Novelli, c. 1620

Este é o Projeto Terapêutico de Final de Módulo da Cínthya Verri,
elaborado para a aula da Primeira Turma.



Caim

É o personagem da bíblia que assassina seu irmão Abel.

No romance que leva este nome, Saramago compila várias narrativas bíblicas do ponto de vista de Caim.

O protagonista, depois de matar o irmão, encontra-se com deus e discutem a autoria do ocorrido: afinal, deus poderia ter evitado o infortúnio e não o fez.

Concordando com ele, deus marca-lhe a testa e diz que ele será um andarilho perpétuo: nunca cessará de caminhar. Terá dentro de si uma inquietação chamada acatisia: a impossibilidade de ficar parado. E que não poderá ser morto por alguém.

A saga apresenta um Caim revoltado com deus e vivendo somente seu rancor contra ele: seu destino é unido a esse pai de quem discorda e em quem pensa a todo o momento. Seu ponto de referência é deus e não a si mesmo. Por isso Caim é um trotamundo e suas ações voltam-se contra o pai e não vão a favor de si.

O trabalho com Caim seria ajudá-lo a desistir do remorso; desobedecer à culpa que prefere carregar a estar sozinho. Caim precisa de ajuda para ser quem é e estar bem, dirimir sua inquietação.

O trabalho com ele eu imagino que seria longo e difícil; exigiria toda atenção para não contrariar sua crença em um primeiro momento.

Acredito que o vínculo é o único modo de fazer isto.

Vejo que poderia ajudá-lo a viver e ser legítimo em seu amor por lilith e seu filho ecron, desejo que precisa atravessar o perdão e pousar.

Para mim seria importante porque reflete meu próprio estado de espírito cigano, de quem tem medo de fazer raízes e precisa enfrentar isso dia-a-dia.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Projeto Terapêutico de Final de Módulo


Bill Watterson's Calvin and Hobbes


Este é o Projeto Terapêutico do Roberto Azambuja,
elaborado para a aula de encerramento da Primeira Turma.



O personagem que eu escolhi é o Calvin, do Calvin and Hobbes. Eu escolhi o Calvin porque ele é o típico garoto que é trazido para tratamento por ser hiperativo.

O Calvin, quando chega para tratamento, já deve estar tomando até ritalina. Os pais se queixam muito da agitação dele, que ele não pára quieto e está sempre no mundo da lua. Eles me contam tudo isso na sala da casa deles, quando nós conversamos pela primeira vez. O Calvin está junto mas não presta atenção em nada, só brinca com o urso de pelúcia dele.

A coisa mais legal de conversar com o Calvin é que eu percebo que o problema dele não é a sua hiperatividade, mas a lerdeza dos outros. Ele acha que o mundo dos grandes e muito chato, sério, e por isso ele quer continuar no mundo dele. O legal do trabalho com ele para mim ia ser mostrar pra ele que mesmo assim a gente tem que achar um jeito de viver bem.

Eu me identifico com o Calvin, e isso ia ser um bom início de trabalho.

Acho que no início do tratamento ele ia achar que eu estou tentado mudar ele (porque é isso que os pais dele querem, que eu ajude ele a se adaptar), mas na verdade o meu trabalho com ele ia ser ajudar a juntar o mundo da imaginação com o mundo prático.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Projeto Terapêutico de Final de Módulo


Arte de Gabriel Bá, em sua adaptação para HQ do Alienista


Este é o projeto terapêutico de Cínthya Verri,
elaborado para a aula de encerramento da Segunda Turma


Simão Bacamarte
Personagem de O Alienista, de Machado de Assis.

Simão Bacamarte era um médico muito interessado em estudar e desenvolver métodos para curar a mente humana.

Tomado de um furor curandis, Bacamarte saiu pela cidade diagnosticando e internando toda a cidade.

Por fim, termina confinando a si mesmo na Casa Verde, acreditando ser ele o único e verdadeiro insano – ou no mínimo senda essa sua única alternativa de vida.

Eu acompanharia Simão para que pudesse ver além da análise, uma possibilidade de viver.

Simão claramente delirava sobre a condição humana, nada mais. Desejava que nós fôssemos equilibráveis, não via ternura ou graça em nossas características.

Classificava nossos comportamentos julgando como patologias aquilo com o que não concordasse.

Deixou de ver a própria mulher, que adoeceu tentando viver com ele.

Com o AT, Simão poderia sair para passeios além dos muros, além dos territórios já por ele tão sabidos. Nas caminhadas, aos poucos poderia ir falando comigo sobre suas impressões, conversaríamos sobre psicodiagnósticos, fenomenologia e psicopatologia, DSM IV, CID 10 e outros manuais. Brincaríamos de exame de estado mental.

Aos poucos, poderíamos ir relaxando um ao outro, ambos fascinados que somos pela nossa mente e expressões.

Eu aprenderia com sua grande capacidade de organização, ele poderia gostar de minha companhia, já que gosto de tantos assuntos diferentes ao mesmo tempo.

Com um pouco de bom humor e leveza, Simão seria um grande terapeuta.