segunda-feira, 28 de setembro de 2009

AT: Release e Resumo da Entrevista






Até para atravessar o inferno dependemos de um amigo.


É o que ensina Dante Aligheri que convidou ficcionalmente seu poeta predileto Virgílio para acompanhá-lo no território das sombras durante o percurso da Divina Comédia.


Até para atravessar a loucura dependemos de um amigo.


É o que alerta Cervantes a partir da lealdade de Dom Quixote e Sancho Pança.


O Acompanhante Terapêutico é um pouco disso. Um profissional que acompanha o paciente em seu dia a dia. Nada de grude ou leão de chácara dos problemas. Ou alguém posto pela família para vigiar. É um terapeuta que caminha junto do paciente. Ajuda o acompanhado a enfrentar os dilemas miúdos do cotidiano e a pressão social. Que assegura a independência de pensamento e de ação. Alguém capacitado a fazer o elo entre os familiares e as atividades sociais. Reduz o isolamento e permite que o mundo seja ampliado com conselhos, programas e saídas culturais.


Ao invés do paciente frequentar a clínica, a clínica acompanha o paciente. Para o melhor enfrentamento das dificuldades quando surgirem.
É a chamada Clínica Ampliada. A pressa faz com que seja cumprido o papel pelo outro. A ânsia de ajudar atrapalha. O AT desenvolve a capacidade de esperar.

Um exemplo é o gago, a predisposição é completar sua fala antes que ele próprio desenvolva o raciocínio até o fim. O papel do Acompanhante é não pressionar. Deixar que ele desenvolva a sua comunicação livre de atalhos. Sua função é garantir a aceitação dos defeitos e a emancipação orgulhosa da visão de mundo.

Fundamental conseguirmos valorizar a presença do AT, contar para as pessoas que o Acompanhamento Terapêutico existe.

É um bom lugar de começar para quem deseja ser terapeuta.
O AT é um terapeuta complementar, em geral faz parte de uma equipe interdisciplinar.

É um delta de cura – acelera o processo terapêutico.


Não é necessária formação especial anterior, apenas o ensino médio. O AT trabalha junto com o psiquiatra e o psicólogo.
Precisa ter muita vontade de se dedicar, de se envolver.

O curso também está indicado para quem tem alguém que ama e precisa, um familiar adoecido, por exemplo, para quem quer cuidar melhor desta pessoa, quer se instruir para fazer isso com muito mais qualidade. Não está apenas para aqueles que querem se profissionalizar.

Uma das maneiras de trabalhar com angústias é através da literatura. A terapia literária é para buscar dentro de sua história, entender a sua história para escrever. O livro é uma ferramenta do AT – damos valor para a vivência literária.

É fundamental – e esse grupo tem um conselho, o primeiro Conselho de Escritores para a Recuperação Emocional – cinco autores que ofereceram sua bagagem cultural para informar o melhor livro, a melhor história para cada quadro clínico. Porque às vezes não sabemos o que prescrever, lemos, mas não tanto quanto o profissional da literatura. Eles podem indicar com precisão, usar a sensibilidade. São pessoas para nos ajudar.

A literatura é curativa: para escrever, para ler, para trabalhar. É uma vivência segura, que é o que a pessoa precisa – e o acompanhante oferece isso – a vivência segura. Por isso que a pessoa consegue fazer essa ponte entre o isolamento em que ela está para a vida plena e legítima, a que ela tem direito. O AT é um apoio, mas não um apoio indiscriminado. Essa é a questão. Então por que o familiar não é uma companhia terapêutica?

Qualquer pessoa poderia ser terapêutica. Mas a gente tem uma ânsia de ajudar que prejudica.


Por exemplo, as crianças que não falam. Muitas crianças com essa dificuldade de dizer as coisas têm por trás uma mãe que faz tudo por elas. A criança aponta e a mãe já sabe o que é. Não deixa que ela experimente o vazio, a necessidade, por tempo suficiente para precisar da palavra. A mãe onipresente é a supermãe – e a criança não se desenvolve. E ela não consegue sair desse lugar de superpotência.


Assim também acontece com o fóbico, que exige a presença contínua do familiar que não sabe abdicar do posto depois.
A família pode ser um lugar de adoecimento, mas também de saúde. Para isso serve a informação.

Não somos obrigados a adivinhar como tudo funciona. Instruir-se é a saúde primeira.


Querer saber e pesquisar; aprender é o primeiro ato de cura.

sábado, 26 de setembro de 2009

Curso de Instrução do AT na Rádio Gaúcha

Curso de Instrução do Acompanhante Terapêutico


Começa nesta quinta-feira, dia 01 de outubro de 2009 o Curso de Instrução do AT no Espaço Cultural Clínica Verri com Roberto Milman Azambuja e Cínthya Verri.

O Curso já tem seu próprio blog - acesse para mais informações.

Aqui Cínthya Verri fala com Sara Bodowsky na Rádio Gaúcha sobre o curso - Acesse o Brasil na Madrugada.

domingo, 13 de setembro de 2009

Curso de Instrução do Acompanhante Terapêutico - Módulo I


Dante e Virgílio no Inferno (1822), de Eugène Delacroix


O Acompanhante Terapêutico é um terapeuta que anda junto. Faz comitiva para os acontecimentos. É platéia interativa na vivência. O AT acontece por dentro do ambiente, por isso mora tão perto dos desejos. O AT divide a memória com a cidade: os muros, as calçadas, os carros, as lojas do bairro, os correios – tudo é ampliador da saúde. As lentes do AT são espelhos de ver-se possível. O AT é uma larga porta de entrada.

O acompanhado apresenta sua vida ao acompanhante: sua cartografia, suas atividades e seus não-fazeres, seus pertences, suas habilidades, suas vontades. Nessa exposição, a pessoa encontra a si mesma, em novas versões que desconhecia ou tinha esquecido. O olhar que reconhece as diferenças, as novidades, os atributos vêm cedidos pelo acompanhante. O AT empresta a si mesmo para o outro descobrir-se.

O AT em geral integra uma equipe de trabalho multiprofissional (psiquiatra, psicanalista, terapeuta familiar, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, entre outros), participa da construção de projetos terapêuticos singulares para cada um.

Seu campo de trabalho é o próprio espaço público, fora das instituições convencionais de tratamento ou consultórios.

O trabalho deste profissional não está vinculado exclusivamente a graves casos psiquiátricos – mas foi neste meio que teve sua origem.

Hoje, o AT desenvolve projetos com os mais diversos quadros clínicos: quadros depressivos, quadros fóbicos, dependentes químicos, distúrbios alimentares, entre muitos outros.

O objetivo é tornar o cliente ativo frente suas dificuldades e sofrimento para superá-los. O trabalho do AT preocupa-se em não permitir que o cliente fique dependente das soluções e formulações criadas pelo terapeuta, mas que desenvolva suas próprias.

É preciso incentivar o movimento de busca no cliente. Levá-lo às suas formulações, reflexões e invenções criativas em seu meio. Também saber pontuá-las, valorizando-as assim quando ocorrerem. É importante a atenção do AT para não se transformar em modelo. Ele possivelmente seja eleito pelo acompanhado como tal, mas a atuação clínica não pode ser baseada nisso.

Quem pode ser AT?

Qualquer pessoa pode tornar-se um AT. Em geral, requisita-se o ensino médio completo para ingressar em um curso de formação. Porém, a coisa mais importante para ser um bom acompanhante, além do treino e da instrução adequada, é a vocação sincera de ajudar alguém a reencontrar-se.

O fazer do AT

O atendimento de um AT dura em média duas horas, mas isso pode variar conforme a necessidade. Existem modalidades de Home Care, onde ATs se revezam para cuidar alguém em casa continuamente.

No caso de uma estrutura psicótica, o AT fará um trabalho de tradução da realidade, o que muitas vezes lembra o zeloso trabalho de uma babá. Mas a escuta e o cuidado nos manejos são totalmente diversos.

Com pacientes neuróticos, o trabalho é geralmente em curto prazo e a questão abordada é mais focal.

Isso varia de caso para caso. Na maioria das vezes, o AT trabalhará fobias sociais, toxicomanias, distúrbios e transtornos em geral que impliquem um trabalho mais voltado às atividades diárias, de reinserção e reinclusão sociocultural.

O que se estuda para ser AT?

Muitos conteúdos podem compor o estudo que é inesgotável. Para o curso, selecionamos os indispensáveis.

Neste módulo veremos tópicos essenciais à base do trabalho:

Introdução à Clínica Ampliada: Clínica Peripatética/ Introdução ao AT/ Análise de Filme
Aula da Base Terapêutico: devem haver outras formas de amor
Aula das Verdades : Genealogia da moral/Metamorfoses/ Trânsito dos afetos
Aula da Psicopatologia: Exame do Estado Mental
Aula de Emergências Psiquiátricas: Abordagem e Contenção em momentos críticos
Aula dos Dilemas: Amigo? Terapeuta? Errar é Terapêutico?
Aula da Família: O trabalho com os familiares
Aula de Casos Clínicos Clássicos

Nova turma: Outubro 2009




Encontre sua Profissão ajudando alguém a se reencontrar:

Curso de Instrução do Acompanhante Terapêutico



O AT desenvolve projetos terapêuticos para diversos quadros clínicos: depressivos, de pânico e de fobias, dependentes químicos, distúrbios alimentares, entre outros.

Geralmente integra uma equipe multiprofissional com psiquiatra, psicólogo e outros profissionais. Porém, seu trabalho acontece fora das instituições convencionais ou consultório.

O AT acompanha o paciente em atividades do seu dia-a-dia compondo experiências de interação e vivência em espaço público ou em casa. O objetivo é ajudar o acompanhado a tornar-se ativo frente a suas dificuldades e sofrimentos – sem ser dependente das soluções e formulações criadas pelo terapeuta, mas desenvolvendo suas próprias saídas.




Neste primeiro módulo veremos tópicos essenciais à base do trabalho:

Introdução à Clínica Ampliada: Clínica Peripatética/ Introdução ao AT/ Análise de Filme
Aula das Verdades : Genealogia da moral/Metamorfoses
Aula da Base Terapêutica: deve haver mais de uma forma de amor .
Aula da Psicopatologia: Exame do Estado Mental
Aula de Emergências Psiquiátricas: Abordagem em momentos críticos
Aula dos Dilemas: amizade pode ser terapêutica? O encontro é terapêutico? Para que é a terapia?
Aula da Família: O trabalho com os familiares
Aula de Casos Clínicos Clássicos



Datas: 01/10; 08/10; 15/10; 22/10; 29/10 - 5/11; 12/11; 19/11

$: 200,00 mensais

Inscrições: (51)3022.4444 / atendimento@clinicaverri.com.br