quarta-feira, 26 de maio de 2010

31/05, segunda-feita, no Cinebancários
Rua General Câmara, 424, Centro
Perto do Theatro São Pedro
Evento Gratuito
CINETERAPIA APRESENTA
'ONDE VIVEM OS MONSTROS'

Filme de Spike Jonze será analisado pela psicanalista Diana Corso


"Onde vivem os monstros" volta a cartaz no projeto Cineterapia em uma única sessão. Com entrada franca, a exibição será nesta segunda (31/5), às 20h, no Cinebancários (Rua General Câmara, 424 - Centro), em Porto Alegre.

A psicanalista Diana Corso é a convidada especial para debater a adaptação do premiado best-seller infantil de Maurice Sendak. Com sua experiência nos problemas de desenvolvimento infantil, Diana abordará a raiva e a frustração, a dificuldade do luto e a importância dos amigos imaginários na comunicação dos problemas de convivência com a família.

Natural de Montevidéu, em 1960, formada em Psicologia pela UFGRS, Diana é colunista do jornal Zero Hora e membro da APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre). Em parceria com seu marido Mário, escreveu "Fadas no Divã" (Artmed), redimensionando as clássicas fábulas infantis aos tempos modernos e analisando a força cultural de personagens do momento como a Turma da Mônica e Harry Potter.

Dirigido por Spike Jonze ("Quero ser John Malkovich"), o filme superou resistência de produtores e dos estúdios. O roteiro era considerado “inadaptável”. A Disney tentou transformar em desenho animado na década de 1980 e não levou adiante o projeto. A obra mexe com o imaginário dos adultos e das crianças, misturando traumas e rancores de cenas cotidianas com alegorias e sonhos. Não se sabe ao certo se aquilo que acontece com o protagonista Max, de 9 anos, é real ou não. Depois de ficar bravo com a mãe que leva um namorado para casa, ele veste a fantasia de lobo com a qual costuma perseguir o cachorro da família e foge de casa. No meio do mato, encontra um barco e sai para navegar, chegando a uma ilha estranha, cheia de monstros assustadores.

Em sua 5ª edição, o projeto disponibiliza clássicos que tematizam a saúde mental e ainda possibilita análise comportamental por destacados pensadores, psiquiatras e escritores gaúchos.

A mediação da conversa fica por conta dos terapeutas Cínthya Verri e Roberto Azambuja.

Reservas de ingressos deverão ser feitas por email, escreva para: atendimento@clinicaverri.com.br

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Experiência de AT

Banho de sangue
de Eliana Guedes Mussnich (arte gráfica)
ou
FARDO DE UM CRUEL DESTINO
de Hendaira (poema)
Falsa noite de mulher
Onde o sonho se viu fantasia,
Um sonho estilhaçado dentro do espelho
Que fecha uma noite fria.

Ruídos compassados do vidro trincando-se
Ritmados com as batidas de seu coração
Quebra uma vida de sonhos
Ao ver-se em pedaços ao chão
Consternada por sua nudez e ainda fragilizada,
Sente vergonha por haver de ser assim,
Despojada em contradição

Ramos, rosas, fissuras
Cordas e ataduras.
Remendos não se fazem necessários
Nada há de cicatrizar esta ferida
Nada haverá de mudar este destino
Já vivido, já sofrido.

A distância não apagará sua memória
Nem amenizará sua dor

Tempo, tempo, tempo do tempo que é tempo

Somente tempo

Nada lhe resta no coração

Angústia e morte
Num ser resignado com sua sorte
Oco, vazio,

Respiração pesada e solitária
De uma vida previamente morta.

domingo, 2 de maio de 2010

Homem Elefante - Epílogo

Segunda-feira, dia 22 de abril, realizamos o Cineterapia com a exibição do Homem Elefante.

O impacto que a história provoca recebeu o bálsamo bem humorado da Cláudia Tajes. Graças a sua leveza que foi possível conversarmos com alegria sobre o difícil que é nosso preconceito.

Outra questão debatida foi relacionada às formas de cuidado: ela atravessa o filme e provoca uma série de interrogações: quem cuida de quem, que efeitos o cuidado produz, quais as relações entre cura e cuidado.

O termo é plural e leva a pensar algumas atitudes dos personagens do filme.

Mr. Bytes, por exemplo, que se entitulou proprietário ("eu cuido dele", "meu tesouro"), era também o homem que explorava, alimentava com batatas, espancava e trancafiava em uma jaula quando descontente. Oferecia sua possibilidade de cuidado.

Atos concretos do cuidar foram reivindicados pela enfermeira-chefe (Motherhead), que pontuou: "eu o banhei, limpei e alimentei, e minhas enfermeiras também".

O médico, por sua vez, enunciou, em resposta ao questionamento do doente: "posso cuidar de você, mas não posso curá-lo".

Ainda, a relação entre John Merrick e Marge Kendal, a atriz de teatro, bastante popular na época, faz pensar.

Ela descobre o paciente por meio de uma notícia de jornal, visita-o no hospital, leva-lhe presentes e se torna sua amiga. Também atua como figura importante na busca de recursos entre a nobreza londrina para a manutenção do doente no hospital. Quando eles recitam um trecho de Romeu e Julieta, ela diz: "Você não é o Homem Elefante... Você é Romeu!".

Possivelmente a ação pontual da atriz ajude Merrick a encontrar em si a própria vocação dramática para o espetáculo, passando a ser ator e não vítima das apresentações.

Mesmo tendo ajudado o paciente, o médico não escapa de enfrentar um dilema ético: "sou bom ou mau?". Estaria realmente cuidando de John Merrick, ou, à semelhança de quem o explorava no circo, estaria exibindo-o em uma outra espécie de circo, do qual faziam parte a alta burguesia londrina e os doutores da cúpula médica da cidade?


Homem Elefante, além dos debates, tem ação artística e curativa. David Lynch e Mel brooks fizeram maravilhosa arte. E Merrick fez consigo o trabalho que nos inspira a viver melhor.

É verdade que a minha forma é um tanto estranha/ Mas culpar-me seria culpar a Deus/Pudesse eu criar a mim mesmo novamente/Eu não falharia em agradar a você./Se eu pudesse alcançar de um pólo a outro/Ou estender a palma da minha mão sobre o oceano/Ainda assim eu seria medido pela alma;/o espírito é a medida do homem.
J. Merrick